quinta-feira, abril 21, 2005

Biografia de Nuno Guimarães
(Escrita por Gil Guedes e inserta no livro «Recordando Nuno Guimarães»)

José Nuno Guimarães Guedes dos Santos nasceu em Perosinho a 29 de Agosto de 1942 e morre a quinze de Agosto de 1973. Foi sepultado no cemitério da sua terra natal. Filho de Manuel Guedes dos Santos e de Albertina de Oliveira Guimarães. A sua instrução primária foi em Perosinho e a secundária no colégio dos Carvalhos. Em 1961/2 matricula-se na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Licenciou-se (26/7/67) em Filologia Românica com a nota 14, após defender tese (Machado de Assis) na qual obteve nota de 17. Requereu o seu diploma ao Reitor da Universidade em 28 de Julho de 1967, levantado em 27 de Dezembro de 1968. Neste ano ingressa na Escola Prática de Infantaria (Mafra), seguindo depois para a guerra em Angola onde viria a casar. Na cidade de Luanda, dá aulas na Escola Preparatória João Crisóstomo. Regressa a Portugal e vai trabalhar para o Liceu D. João II. Em 1973, quando muito se esperava do Nuno, após breve doença (escassos trinta dias) deixa o nosso convívio.
A sua meninice e adolescência foi semelhante à de qualquer criança.
Em 1959 decide aprender a tocar guitarra e lá vai ele descobrir professor. Encontra-o na Rua Mouzinho da Silveira na «Casa de Instrumentos Musicais António Duarte». Recebe aulas na Rua da Ponte Nova Nr. 54 – 3º; foi aqui que aprendeu a colocar os dedos sobre a escala da guitarra. É justo recordar que o primeiro instrumento que tocou era pertença do seu tio António, ao tempo já falecido. As aulas não foram muitas, pois que estávamos perante um génio. Com a pequenina guitarra, chega à velha Universidade instalando-se na Rua do Norte Nr. 23 – 3º. Aqui teve papel importante o seu amigo Abel Morais que o apresenta à rapaziada das cantigas. Foi acolhido de braços abertos por Jorge Rino, Andias, João Santos, Miranda, Sacadura e outros. Em 1962 entra nas serenatas. É em Ois da Ribeira, Águeda (terra daquele que tinha uma voz inconfundível: António Bernardino «BERNA») que o Nuno toca a primeira Serenata. De seguida, a Serenata oficial na Emissora Nacional. A partir daí nunca mais parou. Mas convém realçar que os seus estudos não foram minimamente prejudicados.
Entre 1964 e 1966 grava os primeiros discos de que é autor da letra e música e executante. Escreveu poemas para outros os cantarem e executarem. Registe-se também que houve a preocupação de registar na Sociedade Portuguesa de Autores. Curiosamente quem passou as músicas para o papel foi seu irmão António Guedes Guimarães que sabe ler música. O Nuno foi um verdadeiro talento. Nos anos 60, revolucionou o Fado de Coimbra sem sair do estilo Coimbrão.
A sua capacidade musical era tão grande que, sempre que tocava um Fado tradicional, fazia questão que a introdução fosse de sua autoria.
O que o distinguia dos seus contemporâneos era a coragem de compor. Dum modo sereno, conseguiu impor-se aos grupos já existentes. O Nuno não precisou de bengala nem padrinho.
Na área da poesia destacaríamos o seguinte:
Em 1963 foi editado o seu primeiro trabalho na revista «CONFLUÊNCIA» juntamente com Luís Guerreiro e Vaz Sousa. A vida desta foi relativamente curta. Colabora em diversos jornais e revistas.
Em 1970 edita o livro «CORPO AGRÁRIO» e em 1973 «OS CAMPOS VISUAIS».
Em 1995 a sua obra e mais alguns inéditos dispersos compilados por Fernando Guimarães são editados num só volume.
São estes alguns dados breves dum «HOMEM SIMPLES E BOM».

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