sábado, agosto 19, 2006


Altos dignitários do Estado Novo Posted by Picasa
Equipa ministerial de Oliveira Salazar aguardando a despedida do Presidente Carmona que se preparava para um périplo oficial à Madeira, São Tomé e Príncipe e Angola. Fotografia captada em Lisboa, no dia 11 de Julho de 1938.
Os trajos de gala e os uniformes desempenharam no Estado Novo um papel crucial e incontornável na encenação da autoridade do regime e na ordenação dos vários estratos sócio-profissionais e corporativos. Este assunto continua a não merecer qualquer atenção por parte dos especialistas do Estado Novo, apesar de Franco Nogueira ter enfatizado o cuidado que os uniformes mereciam a Salazar.
De reparar que nenhum dos doutorados pela Faculdade de Direito da UC (Salazar, Carneiro Pacheco, Manuel Rodrigues) se apresenta em Hábito Talar. Manuel Rodrigues, como que a confirmar os dichotes correntes sobre a sua falta de boas maneiras, tem os polegares enfiados nos bolsos do colete (gesto típico de António Menano quando cantava).
Duarte Pacheco, habitualmente refractário aos cocos e cartolas, veio vestido a preceito, com fato de gala, fraque e cartola. Num regime laico, marcado pela princípio da igualdade social e da separação dos poderes de Estado, seria este o tipo de imagem - trajo de gala, mas à civil - , a escolher pelos dignitários de Estado para se fazerem representar em trabalhos escultóricos e retratos de carácter institucional.
Porém, de acordo com os princípios de representação do poder político das profissões acreditadas pelo regime, prevalecia o ditado de Antigo Regime o "hábito faz o monge". Para os "heróis" dos séculos XV e XVI, os artistas do Estado Novo optaram pela técnica da clonagem do figurino "capa e espada" quase em série, enxertando a esmo no século XV vestuário da época de D. Manuel I, inspirado nos vice-reis da India. No caso dos juristas e docentes universitários, a partir da definição da estátua-modelo de Salazar pelo escultor Francisco Franco em 1936, prevaleceu o paradigma do doutor da tradição conimbricense com Hábito Talar e Borla e Capelo. Assim aconteceu com dois bustos de Manuel Rodrigues (António Duarte, Santarém; Martins Correia, Bemposta), José Alberto dos Reis ou Antunes Varela. O cargo político e as virtudes cívicas, ideológicas e intelectuais do titular não eram compatíveis com o trajo civil de grande cerimónia, prevalendo a homologia entre os retratados a imagem do Salazar lente de Coimbra.
AMNunes

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