domingo, fevereiro 18, 2007

“RTP1: Zeca Afonso depois da meia-noite” (JN)
O Jornal de Notícias (JN), na sua edição de ontem (sábado), num curto apontamento mas com sentido de oportunidade, justiça e seriedade intelectual, levanta uma questão pertinente em relação à atitude da RTP1 sobre José Afonso.
O canal do Estado anunciou que, no dia 22, vai transmitir um comentário sobre o Zeca, como sempre, depois da meia-noite e não num horário nobre, espaço a que só têm direito os enlatados norte-americanos ou Jaime Nogueira Pinto a colocar Salazar nos altares da história.
Nesse apontamento, o JN diz que contactou a Direcção de Programas da RTP sobre os critérios para a escolha daquele horário, mas que não obteve qualquer resposta.
Já estou a ver o “filme”: o comentário vai ser, mais uma vez, um hino ao passadismo, que vai exibir um Zeca quase inteiramente incompleto; apenas o Zeca das canções contra a ditadura, o da “Grândola” e o de outra meia dúzia de melodias que ficaram no ouvido dos portugueses, mas ignorando sempre a envergadura deste homem extraordinário. Sempre, numa atitude passadista, ideológica e com muita ignorância pelo meio; um Zeca deitado na tumba, muito caladinho. Não vão mostrar um Zeca “filho do povo com nobreza e modernidade” – como dizia Eduardo Luís Cortesão.
Queremos o Zeca verdadeiro! Autêntico, como era! O que nos legou uma obra incomparável, que aborda as nossas raízes, a cidadania, a liberdade do homem individual e colectivo, porque, como escreveu Torga, “temos que encontrar as Índias que temos cá dentro”, ou seja, Portugal, que só considera concebido de modernidade o que vem de fora e o que é parolo.
Como diz o outro, “não seja parolo, ouça música portuguesa!”
José Carlos Pereira
Do Blog da AJA (Associação José Afonso)

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