sábado, abril 28, 2007


Costumes académicos medievais
Como seriam as vestes usadas pelos lentes e escolares nas universidades medievais? A matéria continua por aprofundar na Europa Continental, fenecendo a concretização de um levantamento iconográfico exaustivo debruçado sobre iluminuras, frescos e escultura. A iconografia italiana de transição do Gótico para o Renascimento é eloquente, pese embora o exasperante estado de dispersão das fontes...
Na Grã-Bretanha, os trajes académicos e reitorais, bem como insígnias e cerimonial, são desde há muito tema acreditado e dignificado pelos investigadores, ali abundando os trabalhos monográficos. Um exemplo dos descomplexados cuidados que o assunto continua a merecer consubstancia-se no ser e no estar da respeitada instituição THE BURGON SOCIETY (http://www.burgon.org/uk.history.links.php-4k).
Relativamente ao caso britânico, polarizado em torno das universidades de Oxford e Cambridge, os estudos mais conceituados acentuam a consagração de hábitos talares monacais - à semelhança do que acontecia nas restantes universidades europeias -, e a consagração de vestes talares idênticas às habitualmente envergadas pelo alto clero romano, adornadas e complementadas por murças inteiriças, capelos de capuz mais ou menos longo e coifas e "zucchettos".
O documento seleccionado coloca em evidência alguns dos trajes mais correntemente envergados por lentes e estudantes britânicos no Período Medieval: a) opção pelo conjunto túnica talar interna, "cappa clausa" roçagante com uma só abertura peitoral, murça de arminhos de colarinho subido (="caul") e barrete redondo ("pileus rotundus") idêntico aos modelos medievais do "solideo" católico, do "yarmulke" judaico e até do "phiro" do clero sírio. Este barrete podia rematar num toco superior simples, de cordão retorcido, ou incorporar uma borla da cor científica; b) opção pela túnica talar interna, "capa nigra" (veste talar roçagante, com duas fendas frontais para os braços), capelo com pronunciado capuz dorsal e "pileus rotundus".
A realização de cerimónias em Oxford e Cambrigde ligadas à recepção de chefes de Estado, matrículas, funerais, cortejos, aberturas solenes e colação dos graus de bacharel, licenciado e doutor nas várias especialidades, implicou desde cedo a adopção de trajes e de insígnias. No período anterior à Reforma de Henrique VIII, seriam mais correntemente usados, mas ainda sem carácter de uniformização:
1) Doctors of Divinity (Fac. de Teologia, Sagrada Escritura): cappa clausa preta, pileus rotundus com pega ou borla de tipo pompom, murça de arminhos de colarinho subido, eventual capuz dorsal debruado a pele de borrego;
2) Doctor of Civil Law (Fac. de Leis): cappa nigra ou pallium talar em veludo ou lã vermelha, com murça lineada a pele branca; pileus rotundus vermelho, com toco ou pompom; capelo debruado a seda ou pelagem;
3) Doctor of Canon Law (Fac. de Cânones): cappa clausa talar ou cappa nigra forrada e embainhada com pelagem de borrego; cabeça coberta com solideo preto; avantajado capelo guarnecido a peles ou seda;
4) Doctor of Medicine (Fac. de Medicina): cappa mantica ou cappa clausa de bainha não roçagante; capelo azulado, com eventual debrum de pelagem; cabeça protegida com solideo.
Fonte: "A brief introduction to english Academic Costume", http://home.uchicago.edu/.
AMNunes

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