terça-feira, maio 15, 2007

Alexandre de Rezende, compositor, cantor e guitarrista

Por José Anjos de Carvalho e António Manuel Nunes

I – Uma figura pouco conhecida
Oriundo de uma família portuguesa afidalgada com raízes em Vale de Azares, Concelho de Celorico da Beira, Alexandre Augusto de Rezende Mendes (ou Alexandre Augusto Mendes de Pina e Albuquerque Rezende) nasceu em Campinas, Estado de S. Paulo, Brasil, em 09 de Agosto de 1886 e faleceu em Lisboa no dia 02 de Fevereiro de 1953. Era filho de Alexandre Augusto de Albuquerque Mendes de Pina e Rezende, que fora Cônsul Honorário de Portugal em Campinas, e de Ana Duarte Gouveia de Rezende, de quem ficou órfão tinha apenas 10 anos de idade.
Depois de uma breve passagem pelos Liceus da Guarda e de Lamego, AR veio com seu pai para Coimbra, instalando-se na Casa Grande de Celas, pertença de seu abastado progenitor. Neste solar, então situado no arrabalde da cidade, AR e o seu progenitor costumavam dinamizar serões gastronómicos e musicais, acolhendo estudantes em dificuldades económicas.
Em 1903, tinha então 17 anos, AR reprovou no exame de admissão à 5ª Classe do Liceu de Coimbra (correspondente ao término do curso liceal) nada mais constando a seu respeito nos antigos documentos administrativos daquele estabelecimento de ensino, o que nos faz presumir que não tenha prosseguido estudos.
Tudo leva a crer que AR, na recta final da frequência liceal, conheceu ou ouviu falar de Manassés de Lacerda. Contudo, não era ainda chegada a sua hora de glória. Só a partir de 1907-1908, entrados os anos áureos de Francisco Menano, é que AR começa a ser notado. Apesar de não ser estudante universitário, AR acamaradava com a generalidade dos estudantes ligados ao foro musical coimbrão, com destaque para António Faria da Fonseca, João Nepomuceno Pestana Girão, Agostinho Fontes Pereira de Melo, José Anjos, Francisco Paulo Menano (Direito, 1907-1912), Paulo de Sá (Direito, Curso de 1914), com quem teria aprendido a tocar guitarra em afinação natural e a cantar, bem como com António Paulo Menano (Medicina, 1914-1923), a quem em 1915 dedicou a música da composição D’Um Olhar (As meninas dos meus olhos). Como cantor e guitarrista, AR participava frequentemente em cantorias de taberna, serões solarengos, animação de salas provinciais e em serenatas.
Um testemunho prestado pelo cantor António Faria da Fonseca ao periódico «Guitarra de Portugal», Ano VII, Nº 175, de 07 de Julho de 1929, permite colar alguns fragmentos dispersos atinentes ao período juvenil vivenciado por AR em Coimbra. Constituíam poderosos elos de união dos amantes do fado o gosto pela dedilhação/ou audição da guitarra, os descantes brejeiros no Fado Corrido e um assumido fascínio por modos de vida considerados marginais, consubstanciados pela prostituição, o dia a dia nos bordéis, a criminalidade dramatizada e noticiada no Fado Narrativo Menor e a mendicidade exibida pelos cegos/cegas que calcorreavam as ruas e feiras com fados, guitarras e moços de peditório.
Um dos poisos habituais dos cultores do Fado em Coimbra nos anos de juventude de AR era a tasca do Magrinho. Ali se juntavam, petiscavam, avinhavam e fadistavam estudantes universitários, alunos da Escola de Agricultura como Octávio Vechi, futricas adestrados no canto e na guitarra como Gonçalo Paredes e a sempre presente “Rosa Regimenta”. Cantadeira e fadista, tocadora de violão e de guitarra, empregada do Regimento de Infantaria e meretriz, Rosa do Regimento já era famosa no período 1900-1905, conforme atesta Serrão de Faria («À Porta Férrea», Lisboa, Portugália, 1946, pp.89-123). Os estudantes mais imaginosos diziam vislumbrar nesta mulher - que muito antes dos “loucos anos 20” e da “Maria Rapaz” já se passeava na Alta em trajes masculinos -, a ressurreição de Maria Severa.
O pouco que nos é dado conhecer de AR continua a resultar de pesquisas encetadas na década de 1960 pelo antigo estudante de Coimbra Divaldo Gaspar de Freitas («Emudecem Rouxinóis do Mondego», São Paulo, Editora Comercial Safady, Lda., 1972, pp. 26-30), que se baseou nos testemunhos orais prestados pelo filho do cantor, José de Sousa Mendes de Rezende (então residente no Rio de Janeiro, conhecido por “Menino d’Oiro”) e em breves nótulas colhidas em obras do cantor António Faria da Fonseca («Horas Alegres e Tristes») e do memorialista Rafaeal Salinas Calado («Memórias de um Estudante de Direito. Coimbra. 1911-1916», 2ª edição, Coimbra, Coimbra Editora, Lda., 1961, pp. 289-291).
Salinas Calado descreve AR como um homem magro e bastante alto, quando comparado com a estatura média masculina daquela época, muito janota no vestir, fleumático, sendo lendária a sua resistência aos efeitos provocados pela ingestão imoderada de bebidas alcoólicas. AR era um homem de casa cheia. Organizava e frequentava festas e divertimentos próprios de casas fidalgas e famílias abastadas, onde eram condimentos obrigatórios os banquetes, o consumo de bebidas, os charutos, as declamações poéticas, guitarradas e fados nos chamados estilos de Lisboa e de Coimbra. Ir tocar e cantar às casas fidalgas da Região de Coimbra e da Beira era costume corriqueiro. D. Maria de Melo Furtado Caldeira Geraldes de Bourbon, Condessa de Proença-a-Velha (1864-1944), quando se estabelecia em Anadia (Curia, Mogofores), Lisboa, Coimbra ou Penamacor, promovia este tipo de serões culturais. Os fidalgos de Condeixa também costumavam convidar estudantes adestrados no canto e na guitarra para os seus serões.
AR exerceu funções de Administrador do Concelho de Montemor-o-Velho, de Fornos de Algodres e de Celorico da Beira, relacionando-se com artistas amadores e fidalgos provinciais. Era das relações dos Parentes, de Gouveia. O Padre António de Jesus Hipólito Parente, colocado em 1925 na paróquia de Melo, Gouveia, organizou uma tuna local, promoveu o ensino de instrumentos e fomentou as actividades musicais. Este pároco sabia música e dominava o violino, instrumento que ensinou ao futuro estudante de Coimbra e escritor Vergílio Ferreira. Eram irmãos do referido padre os guitarristas José Parente, com quem AR gravou discos, e o também padre Joaquim Dias Parente que em 1933 paroquiava em Manteigas. O Padre Joaquim Parente não chegou a gravar discos, mas o jornal “Notícias de Gouveia”, edição de 17/02/1933, informa que nesta data era celebrado autor das composições «Fado do Pastor» e «As Sardinheiras». Aos Irmãos Parentes se ficou a dever a intensificação das actividades artísticas do Orfeão de Gouveia, agrupamento que promoveu saraus preenchidos com canto coral e momentos de piano e guitarradas, conforme relata o periódico que vimos de citar.
AR era um artista amador conhecido e bem relacionado nos meios fadísticos e serenateiros. Como que a firmar a popularidade das suas composições, até 1929 AR viu obras suas gravadas por José Dias (com Paulo de Sá), António Batoque, Almeida d’Eça, Edmundo Bettencourt, António Menano, José Paradela de Oliveira, Carvalho de Oliveira, Luiza Baharem, Felisberto Ferreirinha e Lucas Junot.
Numa época em que os cultores do chamado Fado de Coimbra praticavam frequentemente o Fado de Lisboa, cantado e instrumental, AR atesta o seu gosto pelo decadentismo, lançando mão de autores como Manuel Laranjeira. Composições como «Fado da Minha Mãe», «Fado de Lisboa», «Fado da Fadistice» e «Fado do Conde da Covilhã” testemunham as representações mentais da época. Um estudante que com ele conviveu, António Faria da Fonseca, faz eco de pelo menos uma deslocação conjunta aos espaços de prática do Fado de Lisboa à volta de 1914-1915, referindo convívio com figuras como Armandinho e a celebrada fadista e actriz de revista Maria Victória (03/03/1888-30/04/1915).
Fragmentos do repertório fadístico, ou como tal considerado, praticado pela geração de AR (ca. 1907-1915) sobreviveram ao próprio cantor, por via de fonogramas, solfas impressas e de transmissão oral. Era então habitual cantar-se ou tocar-se em Coimbra:

-“A Vida do Marujo” (Triste vida a de um Marujo), “Ao Levantar Ferro (A Grande Nau Catrineta), o “Fado da Severa” (Chorai fadistas, chorai), “Queres a Flor” (Em má hora, anjo perdido), o “Fadinho das Bodas “ (Aqui neste canto, canto), a “Canção das Morenas” (Se um dia, morena, desses), o “Fado da Figueira da Foz” (Roubei-te beijos, não digas a ninguém), o “Fado Póstumo do Hilário” (Lindas noites de luar), a “Rosa Tirana” (Que é das tuas falas doces), impressos nas recolhas fini-oitocentistas de César das Neves [há quem assinale semelhanças entre o “Fado Póstumo do Hilário” e a melodia do “Fado da Mentira”];
-composições gravadas pelos Irmãos Francisco, Alberto e José Catetano, como “Fado de Coimbra”, “Fado Corrido em Ré Menor” e “Fado Chico Caetano”;
-guitarradas arcaizantes como o “Fado em Dó”, de Ricardo Borges de Sousa, “Variações em Dó”, de Francisco Menano, “Variações em Ré Menor I”, tradicionalmente atribuídas a Flávio Rodrigues, mas com fortes indícios de terem sido herdadas de seu pai, o barbeiro-guitarrista António Rodrigues da Silva;
-antigos fados, de proveniência incerta, repescados por António Menano, como “Fado Antigo” (Maria, minha Maria), ou Lucas Junot ( “Fado Corrido de Coimbra”).

AR é também referido pelo memorialista Raul Fernandes Martins («Coimbra. Recordações de um Estudante», Lisboa, 1984, pp. 123-124) como figura estimada no meio académico. No período 1915-1923, AR já não residiria em Coimbra, mas deslocava-se à cidade com alguma frequência e convivia com estudantes, não deixando de visitar e de cantar em serenatas ao lado de António Menano, com traje de “fidalgo- lavrador”. Prova de que era um artista muito considerado no meio académico, é o feito de numa das suas idas a Coimbra pelos alvores do decénio de 1920 ter cantado na varanda do janelão principal da AAC, à Rua Larga, espaço que nenhum futrica estava autorizado a pisar (excepto Artur Paredes).
Nas respostas a Divaldo de Freitas, José Rezende não faz qualquer alusão a discos que seu pai tenha gravado. O certo é que em finais da década de 1920 AR formou trio com o guitarrista José Parente e o executante de violão de cordas de aço Campos Costa e gravou diversos discos de 78 rpm para a marca Parlophone. A sessão teve lugar em Lisboa, possivelmente no segundo semestre de 1929. Um pequeno texto, completado pela fotografia do cantor e guitarrista, inserto na revista mundana ILUSTRAÇÃO, Ano 5, Nº 100, de 16 de Fevereiro de 1930, confirma que os registos aconteceram recentemente.
Apesar da aureola de sucesso que bafejou as composições e performances de AR, as gravações de voz própria não foram abundantes nem fizeram “escola”. Quanto a notações musicais impressas, apenas chegaram ao nosso conhecimento D’UM OLHAR (1915), O MEU MENINO (1927) e FADO DA MENTIRA (1927). As suas obras mais conhecidas serão precisamente FADO DA MENTIRA e O MEU MENINO, sucessivamente regravadas desde os alvores da década de 1960.
As composições da AR suscitam acrescidas dificuldades no que respeita aos exercícios de datação. Pode no entanto avançar-se que o mais importante da obra de AR foi produzido entre 1907-1915, sendo deste primeiro ciclo decadentista e ultra-romântico obras como “Fado da Minha Mãe” (ca. 1907-1910), “Fado da Mentira” (ca. 1907-1910), “Fado da Montanha” (ca. 1912), “Fado Rezende” (ca. 1912) e “Fado Triste”. Entre 1915 e 1920 foram produzidos os dois embalos “ Meu Menino” “O Meu Filhinho” (pós 1916), “D’Um Olhar” (1915), “Fado da Sugestão”, “Fado da Inquietação” (o título original seria “Fado da Mágoa”) e “Fado da Graça” (ca. 1920-1923). De 1920 é o “Fado da Luz”.

II – Discos gravados por Alexandre de Rezende
Alexandre de Rezende gravou composições estróficas no estilo de Coimbra e alguns fados no estilo de Lisboa, em 1929, acompanhado à guitarra por si próprio e por José Parente e, em violão, por Campos Costa.
AR tem marcada tessitura de barítono. António Faria da Fonseca considerava-o menos um cantor e mais um “diseur”. De facto, Rezende parece mais próximo de dum reportório pró-lisboeta voltado para espaços de consecução como as tabernas e os salões. Conquanto sobejamente aplaudido, Rezende não estava em condições de competir com as grandes vozes tenorinas que asseguravam os solos do Orfeon de Joyce, as serenatas estudantis e as actuações de palco: Agostinho Fontes Pereira de Melo e José dos Santos, que interpretavam no “estilo Manassés”. Nestes registos, embora Rezende seja solista de guitarra, evidencia-se a superioridade técnica de José Parente.
Não sabemos exactamente quantos discos gravou AR. Carlos Manuel Simões Caiado, in «Antologia do Fado de Coimbra», Coimbra, 1986, p. 198, refere uma gravação do «Fado Hilário Moderno» por AR, informação que parece confirmar a existência de pelo menos mais um disco. Com segurança, temos conhecimento e podemos reportar a existência dos seguintes discos:

Disco Parlophon, B. 33500
98053 – Canção da Despedida (--?--)
98070 – Fado do Conde da Covilhã (--?--)

Disco Parlophon, B. 33501
980582 – Fado de Lisboa (Morena da cor do trigo)
980782 – Fado da Fadistice (Comecei de tenra idade)

Disco Parlophon, B. 33505
98056 – Fado da Minha Mãe (--?--)
98068 – Canção da Raia (--?--)

Disco Parlophon, B 33506
98057 – Fado da Luz (Tenho uma luz que me guia)
98069 – Fado Triste (Tive um só amor na terra)

III- Composições de Alexandre Rezende

1 – D’UM OLHAR
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953), dedicada “Ao António Menano”
Letra: 1ª, 2ª e 3ª quadras populares
Incipit: As meninas dos meus olhos
Data: 1915

As meninas dos meus olhos
São duas pobres mendigas,
Sempre a pedirem esmola
Aos olhos das raparigas.

E lá vão, como as velhinhas,
Por essas ruas além:
- Dê esmola às pobrezinhas
Por alma de quem lá tem.

Minha mãe é pobrezinha,
Não tem nada que me dar,
Dá-me beijos, coitadinha,
E depois põe-se a chorar.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º Dístico: Mi m, 2ªMi \\\ 2ªMi, Mi m;
2º Dístico: Ré M, Dó M, 2ªMi 2ªMi, Mi m.

Informação complementar:
Vulgo “As Meninas dos Meus Olhos”. Espécime editado pela Livraria Neves, de Coimbra, na Primavera de 1915, sob o título D’Um Olhar, integrado na célebre edição musical “Os Três Mais Lindos Fados de Coimbra”, edição que custava 40 centavos. Alexandre de Rezende, seu autor, dedicou a música ao jovem António Menano, conforme consta na dita edição musical.
Considerando as duas quadras iniciais, melhor fora que a 3ª quadra não integrasse a edição musical, já que pouca relação tem com as duas anteriores, não se conhecendo gravação alguma que a inclua. O título original, D’Um Olhar, não figura nas gravações conhecidas, dado que António Menano adoptou o incipit, ”As Meninas dos Meus Olhos”, tendo registado apenas as duas primeiras coplas. Na discografia de vinil podemos encontrar deturpada a letra supra das duas quadras iniciais.
António Menano gravou esta canção em Lisboa, na Primavera de 1928, na tonalidade de Fá# menor: discos Odeon, 136.821 e A136.821 - Og 670. Matriz disponível em vinil (Album “Fados de Coimbra – António Menano”, Vol. I, disco 2, EMI-VC 2605991, editado em 1985) e em cassete; também em compact disc: CD “António Menano – Fados”, Vol. II, EMI-VC 7243 8 36445 2 0, editado em 1995; Col. Um Século de Fado/Ediclube, CD Nº 1/Coimbra, EMI 7243 5 20633 2 1, de 1999.
A letra tem origem nos cancioneiros populares regionais, onde figuram outras coplas, de que damos exemplo:

As meninas dos teus olhos
Parecem dois diamantes
É só olhar o teu rosto
Ver duas estrelas brilhantes.

Quando a morte me levar
Não quero ramos nem folhos
Só quero a acompanhar-me
As meninas dos teus olhos.

As meninas dos meus olhos
Choram por outras meninas
Choram por outras maiores
Que as minhas são pequeninas.

2– FADO DA MINHA MÃE
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Letra: 1ªquadra popular; 2ª quadra de Horácio Paulo Menano
Incipit: Minha mãe é pobrezinha
Data: ca. 1907-1910

Minha mãe é pobrezinha,
Não tem nada que me dar;
Dá-me beijos, coitadinha,
E depois fica a chorar.

Dizem que as mães querem mais
Ao filho que mais mal faz...
Por isso eu te quero tanto
Que tantas mágoas as me dás!

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se
Esquema do acompanhamento:
1º Dístico: Lá m, 2ªLá 2ªLá, Lá m;
2º Dístico: Lá m, 2ªLá 2ªLá, Lá m;

Informação complementar:
Composição fadográfica, gravada em 31 de Outubro de 1928 em Lisboa, no Teatro S. Luis, pelo barítono José Dias, acompanhado à guitarra em afinação natural por Paulo de Sá e, no violão, provavelmente, pelo Prof. Doutor José Carlos Moreira (disco de 78 rpm His Master’s Voice, EQ 150).
“Fado da Minha Mãe” é considerado uma das primeiras composições de Rezende, possivelmente a primeira, correndo na tradição oral que foi dedicada a sua mãe Ana Duarte Gouveia de Rezende, falecida à roda de 1896.
A música é a mesma do Fado Triste (Minha mãe é pobrezinha), gravado por António Menano, e do Fado Mondego (Minha mãe é pobrezinha), gravado pela mezzo soprano D. Luiza Baharém, podendo considerar-se que o título registado por José Dias é o original, tanto mais que o próprio Rezende gravou na circunstância uma peça de sua própria autoria intitulada “Fado Triste” (Tive um só amor na terra).
Com o título adulterado para “Fado Triste”, António Menano gravou este fado por duas vezes, interpretando-o na tonalidade de Mi menor: primeiro em Lisboa, na Primavera de 1928 (discos Odeon, 136822 e A136822 – Og 689), e depois nas gravações de Berlim, em Dezembro de 1928 (disco LA 187.804b – Og 1018):

Minha mãe é pobrezinha,
Não tem nada que me dar;
Dá-me beijos, coitadinha,
E depois põe-se a chorar!

Esta noite sonhei eu
Que morrera a minha mãe…
Acordei pedindo a Deus
Que me levasse também!

Ó minha mãe, minha mãe,
Que Deus levou para si,
Ó minha santa mãezinha
Eu quero ir pró pé de ti.

A letra que se apresenta é a da gravação de Lisboa. Na matriz de Berlim António Menano omite a 3ª quadra e, na 2ª, altera ligeiramente o 3º verso para: Acordei, pedi a Deus. Neste disco (Odeon LA187804b – Og 1018) vem a indicação de autoria “Popular” e de o acompanhamento ser feito à guitarra por João Fernandes (1902-1969) e, no violão, por Mário Marques.
Gravação disponível em vinil (Album “Fados de Coimbra – António Menano”, Vol. I, disco 1, EMI-VC 2605981, editado em 1985) e cassete; também em compact disc (CD “António Menano – Fados”, Vol. II, EMI-VC 7243 8 36445 2 0, editado em Dezembro de 1995 com etiqueta Odeon).
Outros compact discs:
-CD “Frederico Vinagre – Eternos Fados de Coimbra”, Metro-Som, CD 101, editado em 2000, acompanhado por Octávio Sérgio e Durval Moreirinhas (v).

Tema gravado pela mezzo soprano D. Luiza Baharem, com o título modificado para “Fado Mondego”acompanhada à guitarra e violão, entre finais de 1926 e Maio de 1927 (Discos Columbia, J 799, master P.147 e Columbia, 1032-X, da reedição americana). O disco indicado é uma reedição americana e refere tratar-se de uma «Folksong»:

Minha mãe é pobrezinha,
Não tem nada que me dar;
Dá-me beijos, coitadinha,
E depois fica a chorar.

O xaile da minha mãe,
Tão velhinho e remendado,
Onde eu me sentia tão bem
Quando nele agasalhado.

Bendita seja a pobreza,
Não envergonha ninguém,
A mãe de Deus era pobre
E Jesus pobre também.

A 1ª quadra é popular e as 2º e 3ª também o parecem ser. A música deste fado é a mesma da do Fado Triste (Minha mãe é pobrezinha), cantado e gravado por António Menano, na Primavera de 1928, em Lisboa (Discos Odeon, 136.822 e A136.822) e, depois, em Dezembro do mesmo ano, em Berlim (Disco Odeon, LA 187.804). Assim sendo, António Menano gravou esta música já depois de D. Luiza Baharem a ter registado em fonograma. Nos discos de António Menano vem também a indicação de ser música popular.
Há um outro fado com o mesmo título, o «Fado Mondego (Quisera que tu me amasses)», gravado por volta de 1927 por Luiz Macieira, cuja música é a do Fado dos Passarinhos (Passarinho da ribeira), e um outro Fado Mondego (Água que passas coleante) da autoria de Jorge Possollo de Leão e Carvalho, de que foi feita edição musical.

3 – INQUIETAÇÃO
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Letra: Edmundo Alberto Bettencourt (1899-1973)
Incipit: Quanto mais foges de mim
Data: ca. 1915-1920

Quanto mais foges de mim,
Mais corro e menos te alcanço;
O meu amor não tem fim,
Morrerei mas não me canso.

Todo o bem que não se alcança
Vive em nós, morto de dor;
Quem ama, de amar não cansa
E se morrer é de amor.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se o 4º verso.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: Mi m, 2ªMi 2ªMi, Mi m;
2º dístico: Ré M, 2ªSol, Sol M Ré M, 2ªSol, Sol M;
4º verso: 2ªMi, Mi m.

Informação complementar:
A composição inventariada estava muito vulgarizada em Coimbra e noutros espaços portugueses, de tal arte que até 1926 conheceu seis gravações distintas, com seis títulos diferentes e variações letrísticas. Quanto aos registos sinalizados na década de 1920, podemos indicar:

- <1926,>A minha tristeza é tanta);
- 1926, António Marques Batoque, Fado de Coimbra Nº 4 (Ceifeira que andas à calma);
- 1927, José Paradela de Oliveira, Um Fado de Coimbra (És linda mas foras feia);
- 1928, António Paulo Menano, Fado dos Namorados (Não digas não dize sim);
- 1928, Edmundo Alberto Bettencourt, Inquietação (Quanto mais foges de mim);
- 1929, Artur Almeida d’Eça, Fado (Eu tenho tanto cuidado).

Optámos por transcrever em primeiro lugar uma das variantes mais popularizadas e regravadas ao longo do século XX, justamente a matriz vocalizada por Edmundo Bettencourt. Peneirados os elementos recolhidos, continuamos a não conseguir restabelecer com rigor qual destes seis títulos seria o original. Um exercício de cruzamento auditivo dos fonogramas leva-nos a considerar as gravações de Almeida d’Eça, Bettencourt, Batoque e Paradela como as mais distanciadas da obra original. O alfa desta obra poderá situar-se entre o registo de Carvalho de Oliveira (de todos, o que nos parece mais próximo da versão Rezende) e o de António Menano.
Edmundo Bettencourt gravou este tema com letra transcrita em 1928, no Porto, acompanhado à guitarra por Artur Paredes e Albano de Noronha e, em violão, por Mário Faria da Fonseca (discos de 78 rpm Columbia, 8122 e GL 103 – WP 307). No disco vem a indicação de ser música de Alexandre Rezende e letra de Edmundo Bettencourt.
Gravação disponível em compact disc:
-CD “O Poeta Cantor”, Lisboa, Valentim de Carvalho, 560 5231 0047 2 5, ano de 1999.

Segue-se a versão Carvalho de Oliveira, com o título «Fado da Mágoa», registada em Lisboa por volta de 1925, com 1ª quadra de Eugénio Sanches da Gama e 2ª de autor não identificado:

A minha tristeza é tanta
E a minha dor é tão forte
Que a mim apenas me encanta
O pensamento da morte!

Quando prestes a morrer
Cantai-me baixinho o fado;
Que ao ouvi-lo pode ser
Que a morte espere um bocado.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: Mi m, 2ªMi 2ªMi, Mi m;
2º dístico: Ré M, 2ªSol, Sol M Ré M, 2ªSol, Sol M; (1ª vez)
2º dístico: 2ªMi, Mi m 2ªMi, Mi m; (2ª vez)

Informação complementar:
Fado gravado na década de 1920, ca. 1925, por Carvalho de Oliveira (Disco de 78 rpm Pathé, 4043, master 201026). No disco vem a indicação de ser música de Alexandre Rezende. Parece ser esta gravação a versão mais antiga, inclusive porque o 2º dístico se repete na totalidade, contrariamente ao que acontece com os outros cantores que só repetem o verso final.

Versão do barítono António Marques Batoque, de 1926, com o título minimalista de “Fado de Coimbra Nº 4” e quadras populares:

Ceifeira que andas à calma,
A ceifar o loiro trigo,
Ceifa as penas da minha alma
E leva-as depois contigo.

O bico da tua foice
Esta minha alma feriu
E as penas tu não ceifaste,
O teu olhar não as viu.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se só o 4º verso.
Esquema do acompanhamento:
1º Dístico: Sol m, 2ªSol 2ªSol, Sol m;
2º Dístico: 2ªLá# , Lá# M 2ªLá#, Lá# M;
4º Verso: 2ªSol, Sol m.

Informação complementar:
Gravado em 1926 por António Batoque, com acompanhamento de guitarra e violão (Disco Columbia, J 797, master P 130). No disco figura apenas a indicação de “popular”.

Versão gravada por Paradela de Oliveira, adoptando o título «Um Fado de Coimbra», e quadras de autor(es) não identificado(s):

És linda, mas… foras feia,
Mesmo assim eu te queria,
Não é por ser lua cheia
Que o luar mais alumia.

És loura, branca e tão linda,
Que às vezes, sonho, criança,
Que Deus assim te faria
Pra dar corpo à minha esp’rança.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se o último verso.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: Sol m, 2ªSol 2ªSol, Sol m;
2º dístico: 2ªLá#, Lá# M 2ªLá#, Lá# M;
4º verso: 2ªSol, Sol m.

Informação complementar:
Gravado em Maio de 1927 por José Paradela de Oliveira, acompanhado à guitarra por Francisco Morais e, à viola, por António Dias (Discos His Master’s Voice, EQ 82 e Victor (HMV), 81460, master 7-62174).

Versão gravada por António Menano, com o título «Fado dos Namorados»:

Não digas não, dize sim,
Muito embora amor não sintas;
Um não envenena a gente,
Dize sim, inda que mintas.

És linda, mas se foras feia
Eu assim mesmo te queria;
Não é por ser lua cheia
Que a Lua mais alumia.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se somente o 4º verso.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: Mi m, 2ªMi 2ªMi, Mi m;
2º dístico: Ré M, 2ªSol, Sol M Ré M, 2ªSol, Sol M;
4º verso: 2ªMi, Mi m.

Informação complementar:
António Menano gravou este fado em Lisboa, na Primavera de 1928 (Discos ODEON, 136818 e A 136818, master Og 688). Posteriormente esta mesma composição foi incluída no 1º disco do II volume do Duplo álbum editado em 1986 pela EMI-Valentim de Carvalho com gravações de António Menano. Mais tarde, em Dezembro de 1995, a EMI-Valentim de Carvalho editou o 2º CD dos fados cantados por António Menano nele incluindo o Fado dos Namorados.

Registo Almeida d’Eça, com o título super-minimalista de «Fado», sendo a letra de Armando do Carmo Goes:

Eu tenho tanto cuidado
Em guardar o teu amor
Que nem sei se é pecado
Guardá-lo mais e melhor.

Deixa-me olhar os teus olhos
Que são a vida dos meus,
Nesta vida só de abrolhos
Nos teus olhos vejo o céu.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se o 4º verso.
Esquema do acompanhamento:
1º Dístico: Sol m, 2ªSol 2ªSol, Sol m;
2º Dístico: 2ªLá#, Lá# M 2ªLá, Lá# M;
4º Verso: 2ªSol, Sol m.

Informação complementar:
Gravado em 1929 por Almeida d’Eça, com acompanhamento de guitarras por Albano de Noronha e Afonso de Sousa (disco Polydor, P. 42137, master P 42137). A etiqueta do fonograma traz a indicação de ser música de Alexandre de Rezende e a letra de Armando Goes.

Uma das mais famosas gravações deste tema foi realizada em 1981 por José Afonso, que utiliza como 1ª copla uma versão mais ou menos livre de “És linda, mas se foras feia”, colhida nos discos de Paradela de Oliveira e António Menano, mantendo com ligeiras modificações a 2ª copla gravada por Bettencourt:

És linda, se foras feia
Mesmo assim eu te queria
Não é por ser lua cheia
Que a lua mais alumia.

Todo o bem que não se alcança
Vive em nós, morto de dor
Quem ama, d’amor não cansa
E se morrer é d’amor.

Informação complementar:
Nesta versão José Afonso, de 1981, o cantor foi acompanhado à guitarra por Octávio Sérgio e, à viola, por Durval Moreirinhas (LP Orfeu, FPAT 6011, disco este de homenagem a Edmundo Bettencourt). Esta gravação encontra-se disponível nos seguintes CD’s:
- CD “José Afonso – Fados de Coimbra”, Movieplay, SO 3003, editado em1996;
- CD “Fados e Guitarradas de Coimbra”, Movieplay, MOV. 30.425/B, editado em 2001.
No disco figura correctamente a autoria da música (Alexandre de Rezende) mas a da letra (Edmundo Bettencourt) só em parte é verdadeira. É que José Afonso substituiu a 1ª quadra da autoria de Edmundo Bettencourt por uma outra, a gravada por José Paradela de Oliveira e modificou-lhe não só o 1º verso mas também o 4º pois canta «Que a lua mais alumia» em vez de «Que o luar mais alumia».
Na 2ª quadra que canta, que é a da autoria de Edmundo Bettencourt, José Afonso também a não vocaliza correctamente no seu 3º verso e, em vez de «Quem ama, de amar não cansa» modifica-o para «Quem ama, d’amor não cansa».
Outras gravações:
-José Maria Lacerda e Megre, no EP “Saudades de Coimbra”, Alvorada, MEP 60272, ano de 1960, acompanhado por António Portugal/Eduardo Melo (gg) e Manuel Pepe/Paulo Alão (vv);
-João Queiroz, no EP “The Old Coimbra Fado. I”, RCA Victor, TP-180, ano de 1965, acompanhado por Manuel Pais/Luís Plácido (gg) e Mário Sacadura/Fernando Plácido (vv);
-Manuel Branquinho, no EP “Manuel Branquinho”, Porto, Orfeu, ATEp 6288, ano de 1968, acompanhado por Manuel Branquinho/Gabriel Ferreira (gg) e Jorge Gomes (v);
-Loubet Bravo, no EP “Loubet Bravo. Fados de Coimbra”, MARFER, MEL. 2-103, ano de 1968, acompanhado por Carlos Gonçalves/António Chainho (gg Lisboa), José Maria da Nóbrega (v) e Raul Silva (v baixo);
-Carlos Pedro, Cd “Alma Mater. Grupo de Fados de Coimbra”, Coimbra, Edição da SFAA, CD-SF 055, ano de 1995, faixa nº 8, com atribuição errada a Edmundo Bettencourt. O cantor é acompanhado por Carlos Pedro/Nuno Cadete (gg) e António Paulo (v).
-Tito Costa Santos, LP "De Coimbra... Por Bem", Grupo Serenata de Coimbra [para a Cruz Vermelha Portuguesa], Discossete LP-800, ano de 1991, Lado A, Faixa nº 5, com menção correcta das autorias. Introdução de guitarra por Luís Plácido. Instrumentistas: Luís Plácido/Francisco de Vasconcelos/António Serrano Baptista (gg) e João Gomes/Abel Serrano Baptista (vv). Este registo vinil foi posteriormente remasterizado em cd.

4 – FADO DA MENTIRA
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1956)
Letra: 1ª quadra de autor desconhecido; 2ª quadra popular
Incipit: Ninguém conhece no rosto
Origem: Coimbra
Data: ca. 1907-1910

Ninguém conhece no rosto
O que a nossa alma inspira...
A vida é gosto e desgosto
(Ai) Mentira, tudo mentira.

A minh’alma, coitadita,
Não tem vestes, anda nua...
Oh! por Deus, dá-lhe um abrigo,
(Ai) Dá-lhe um cantinho da tua.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: Fá M, 2ª Fá 2ªFá, Fá M;
2º dístico: 2ªRé, Ré m 2ªFá, Fá M.

Informação complementar:
A letra que se apresenta é a cantada por António Menano (4/4, Fá M) e, também, a que consta na edição musical da casa Sassetti & Cª., Rua do Carmo, 56, Lisboa, com capa de Stuart de Carvalhais, copyright de 1927. Nela vem a indicação da música ser de Alexandre de Rezende, embora seja omissa relativamente à autoria da letra. Traz bem patente a indicação «Célebre fado cantado por António Menano». Entre o 3º e o 4º verso de cada estrofe António Menano introduz um “Ai” neumático, dado no seu jeito habitual.
Cremos que a edição em partitura é bastante tardia, dado que o tema deve remontar a circa 1907-1910. A 2ª quadra é efectivamente popular e antiga pois já se cantava no tema “Dá-me um Sorriso dos Teus”, recolhido por Jaime Lopes Dias, “Etnografia da Beira”, Tomo IV, 1937, pág. 135:

A minha alma, coitadinha,
Não tem que vestir, anda nua,
Dá-lhe, por Deus, um abrigo,
Dá-lhe um cantinho na tua.

António Menano gravou este espécime em Paris, no mês de 1927 (Discos ODEON, 136.811 e A136.811 - Og 583), acompanhado por Flávio Rodrigues da Silva e Augusto da Silva Louro. Gravação disponível em vinil (álbum de “Fados de Coimbra – António Menano”, Vol. I, 1º disco, EMI-VC 2605981, editado em 1985) e em cassete; disponível também em compact disc: Heritage HT CD 31, da Interstate Music, editado em 1995; “Arquivos do Fado”/Tradisom, Vol. V, TRAD 012, cópia do anterior, editado em 1995; CD “António Menano – Fados”, Vol. II, EMI-VC 7243 8 36445 2 0, editado em Dezembro de 1995, com etiqueta Odeon.
Vários têm sido os cantores, uns de Coimbra, outros não, que gravaram o “Fado da Mentira”. Alguns alteram-lhe o título e/ou a letra, indo buscar para 2ª estrofe a célebre quadra popular “Fiz uma cova na areia”, do Fado da Mágoa, e até uma quadra do Fado dos Beijos (Se tu quisesses ser minha).
Gravações de outros cantores:
-CD “Orfeão Académico de Coimbra”, Ovação, OV-CD-012, de 1991, remasterização do LP “Coimbra Orfeon of Portugal”, Monitor MP-596, 1962: canta António Sutil Roque, acompanhado em 1ª guitarra de Coimbra por Jorge Tuna, em 2ª guitarra por Jorge Godinho, e na viola nylon por Durval Moreirinhas (gravação feita em 1961, com arranjo de Jorge Tuna);
-CD “António Vecchi – Guitarra chora baixinho”, Movieplay, 30.279, editado em 1992, acompanhado pelo grupo de António Chaínho. O cantor pretendeu homenagear um seu antepassado, Octávio Vecchy que passou de raspão pela Escola Agrária de Coimbra na época de Francisco Menano e foi um reputado intérprete nos estilos de Lisboa e de Coimbra;
-CD “Melro – Janita Salomé”, Movieplay, MP 13.001, editado em 1993; reeditado em 1999, Movieplay, MOV 30. 406, faixa nº 10, retoma de um vinil de 1980, acompanhado em guitarra de Coimbra por Octávio Sérgio e na viola por Durval Moreirinhas. O título aparece adulterado para “Fiz uma cova na areia”, e a letra e música são erradamente atribuídas a “Francisco Menano”;
-CD “Fernando Machado Soares”, Philips, 838 108-2, compilação de gravações de 1986 e 1988 (extraído do LP “Fernando Machado Soares. Coimbra tem mais Encanto”, Philips 830 371-1, ano de 1986, Lado A, faixa nº 4, com José Fontes Rocha/Durval Moreirinhas. A letra é atribuída erradamente a António Menano, e música a António Menano e a Machado Soares);
-CD “Fados e guitarradas de Coimbra”, Movieplay, MOV. 30.425/A, editado em 2001 (Adriano Correia de Oliveira, a partir do EP “Noite de Coimbra”, ATEP 6025, de 1960, com António Portugal/Eduardo Melo/Durval Moreirinhas/Jorge Moutinho, com um arranjo instrumental de Machado Soares, e indicando erradamente como autor da música e letra António Menano);
-CD “Praxis Nova. Percursos”, Porto, Fortes & Rangel, CDM 003, ano de 1998, faixa nº 4. Canta Luís Alcoforado, acompanhado por Paulo Soares/José Rabaça (gg) e Luís Carlos Santos/Carlos Costa (vv). Atribuição errada a António Menano. Remasterização de uma cassete gravada em 1988 e comercializada em 1989 (Praxis Nova, Porto, Fortes & Rangel, DCS-017, Lado A, faixa nº 4).
“Fado da Mentira” foi também gravado por cantores cujas biografias e percursos profissionais desconhecemos:
-EP “Américo Lima. Balada”, DECCA, PEP 1171, ca. 1968, sendo o acompanhamento feito por José Nunes/António Chainho (gg Lisboa) e José Maria da Nóbrega (v);
-EP “Américo Silva. Saudades de Coimbra”, ESTÚDIO, EEP 50.216, sem data (década de 1970?). Cantor activo em Lisboa, acompanhado por Manuel Mendes/José Luís Nobre da Costa (gg), M. Martins (v) e Zeferino (v baixo).

Nota: este verbete já foi anteriormente editado no inventário discográfico de António Menano.

5 – O MEU MENINO
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Letra: 1ª quadra popular; 2ª quadra de Alfredo Fernandes Martins
Incipit: O meu menino é d’oiro
Origem: Coimbra?
Data: ca. 1915-1916

O meu menino é d’oiro,
D’oiro é o meu menino...
Hei-de levá-lo aos anjos
Enquanto for pequenino.

À mãe de Nosso Senhor,
Hei-de pedir, com carinho,
Que nunca leve a tristeza,
Aos olhos do meu filhinho.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema de acompanhamento:
1º dístico: Ré M, Mi M, Lá M 2ª Ré, Ré M;
2º dístico: Ré M, 2ª Ré 2ª Ré, Ré M; (1ª vez)
2º dístico: Ré M, 2ª Mi, Mi m2ª Ré, Ré M; (2ª vez)

Informação complementar:
A letra transcrita é a facultada pelo filho do autor a Divaldo Gaspar de Freitas na década de 1960 (Cf. “Emudecem rouxinóis do Mondego”, São Paulo, 1972, págs. 27-28), por ser considerada a original. Rezende compôs este embalo em homenagem a seu filho, José de Sousa Mendes de Rezende que nas décadas de 1950-1960 era conhecido na colónia portuguesa de São Paulo por “Menino d’oiro”. A 1ª quadra é popular e anterior a 1880. O “Cancioneiro Popular Português”, de José Leite de Vasconcelos, contém cerca de trinta variantes literárias desta primeira copla.
Composição vulgarmente conhecida por “Menino d’oiro” e “Meu Menino”. António Menano gravou este embalo em Paris, no mês de Maio de 1927, acompanhado por Flávio Rodrigues da Silva/Augusto Louro: 78 rpm Odeon 136.805 e Odeon A136.805 Og 594. Voltou a regravá-lo em Berlim, no mês de Dezembro de 1928, acompanhado em guitarra de Lisboa por João Fernandes e em violão aço por Mário Marques : 78 rpm Odeon LA 187.801 Og 1006. A gravação de Paris foi remasterizada no álbum vinil duplo “Fados de Coimbra. António Menano. Volume I”, Lisboa, EMI- Valentim de Carvalho, 2605991-B, ano de 1985, LP 2, Lado B, faixa nº 4, e em compact disc: CD “António Menano. Fados”, Volume II, Lisboa, EMI-Valentim de Carvalho, 724383644520, ano de 1996, faixa nº 5, com o título “O Meu Menino” e remissão de autoria para Alexandre de Rezende.
Menano não gravou a letra original, nem a que entretanto se tinha vulgarizado, mas outra do poeta António Correia de Oliveira (1879-1960), extraída do poemeto “Embalando o menino” (Cf. A minha terra, Lisboa, Aillaud e Bertrand, 1916, págs. 19-20). Esta letra correu anexa à partitura Sassetti, com capa de Stuart, editada em Novembro ou Dezembro de 1927. Pretendeu ser uma homenagem a Nuno Menano, nascido em Novembro/1927, filho de António Menano e de Maria Henriqueta da Câmara Viterbo Menano. Na capa da dita partitura consta apenas “O Meu Menino. Fado-Canção, por António Menano”, mas no interior (cabeçalho) pode ler-se “Música de António Menano”. Corre na tradição oral coimbrã que Alexandre de Rezende, agastado com a usurpação de autoria, terá mimoseado António Menano com umas bengaladas na Rua Ferreira Borges/Coimbra.
Eis a letra gravada por Menano:

O meu filho é pequenino:
Três palmos, e pouco mais;
Com tão pequena medida,
Mede-se a alma dos pais.

O meu filho é pequenino...
Diz a Morte: - Ai nem o quero!
E a Vida a rir de contente:
Eu é que sei quanto espero...

José Paradela de Oliveira também gravou este mesmo embalo em 1927, acompanhado por Francisco da Silveira Morais (g) e António Dias (violão): 78 rpm His Master’s Voice, EQ 70, master 7-62166. Paradela interpreta em 1º lugar uma copla popular, e como 2ª, uma outra de autor desconhecido. O título presente no disco é apenas “O Meu Menino”:

O meu menino é d’oiro
É d’oiro o meu menino
Hei-de levá-lo ao Céu
Enquanto for pequenino.

Por causa de três meninas
Eu passo a vida entre abrolhos:
Uma és tu, e as outras duas
As meninas dos teus olhos.

Casimiro Ferreira gravou este tema em 1960, acompanhado por António Portugal/Eduardo de Melo (gg) e Manuel Pepe/Paulo Alão (vv): EP “Fado Corrido de Coimbra”, Rapsódia EPF 5.084, ano de 1960, faixa nº 1. Adoptou o título “O Meu Menino” e indicou como autor da música Alexandre de Rezende, e da letra José Afonso. No entanto, a letra que se ouve na pouco conseguida vocalização de Casimiro Ferreira é popular, anterior ao século XX, estando muito vulgarizada nas vozes dos cantores activos em Coimbra desde o 1º quartel do século XX:

O meu menino é d’oiro
É d’oiro o meu menino,
Hei-de levá-lo ao Céu
Enquanto for pequenino.

Enquanto for pequenino,
Tão puro como o luar,
Hei-de levá-lo ao Céu,
Hei-de ensiná-lo a cantar.

Tema gravado por António José Roxo Leão no EP “Coimbra em Lourenço Marques”, Alvorada, AEP 60 544, ano de 1961. Acompanhamento feito por António Brojo/Gabriel de Castro (gg) e Alfredo Caseiro da Rocha/António José Roxo Leão (vv). Neste registo, o título coincide com o incipit vulgar (O Meu menino é d’oiro) e a letra é mutantis mutandis a mesma cantada por Casimiro Ferreira.
Manuel Duarte Branquinho, sob o título “Menino d’Oiro”, interpreta a 1ª quadra popular vulgar e substitui a 2ª pela seguinte variante de uma quadra de João da Silva Tavares (1893-1964):

A cama do meu menino
Faço-a eu e mais ninguém;
Quem me dera que o destino
Eu fizesse assim também.

Cf. EP “Manuel Branquinho”, Orfeu, ATEP 6302, ano de 1968, com Manuel Branquinho/Gabriel Ferreira (gg) e Jorge Gomes (v).
Uma outra quadra muito cantada neste embalo, referida por Divaldo Gaspar de Freitas, da autoria do estudante Alfredo Fernandes Martins (+1965) é a seguinte:

À mãe de Nosso Senhor,
Hei-de pedir, com carinho,
Que nunca leve a tristeza,
Aos olhos do meu filhinho.

Outras gravações:
-Américo Lima, no EP “Américo Lima Canta Fados de Coimbra”, DECCA, SPEP 1202, sem data (década de 1960), acompanhado pela formação lisboeta Carlos Gonçalves/António Chainho (gg) e José Maria da Nóbrega;
-EP “Frei Hermano da Câmara. Fado da Despedida”, EMI-VC 8E 006 4033 G, ano de 1976, acompanhado por António Chainho/José Maria da Nóbrega;
-EP “Frei Vicente canta… Coimbra”, Alvorada, EP-S-60-1609, ano de 1977, acompanhado por António Brojo/António Portugal (gg) e Luís Filipe (v);
-Valdemar Vigário, fadista profissional activo no Porto, no EP “Fados de Coimbra”, RODA, RPE, 1466, ano de 1976, acompanhado por Valdemar Vigário (g) e Jorge Barradas (v);
-Fernando Ventura, fadista activo em Lisboa. Registo vinil remasterizado no CD “Os Clássicos Fados de Coimbra”, Lisboa, METRO-SOM, CD 186, ano de 2005, Faixa Nº 15, com atribuição errada a António Menano. Acompanhamento por António Luís Gomes/António Chainho (gg Lisboa) e José Maria da Nóbrega (v);
-Alexandre Herculano acompanhado à guitarra por Francisco de Vasconcelos e Luís Plácido e, à viola, por João Alpoim e Álvaro Bandeira (LP “De Coimbra para a Unicef – Grupo Serenata de Coimbra”, Videofono, VLP-2010, ano de 1985). Disponível em compact disc: CD “Saudades de Coimbra/Grupo Serenata de Coimbra”, Videofono, VCD 50004, editado em 1993). O título adoptado é “Menino de Oiro”.

Alguns compact discs:
-CD “Coimbra Serenade”, Edisco, ECD 5, editado em 1992 (canta Casimiro Ferreira), reedição do ep gravado em 1960;
-CD “António Vecchi – Guitarra chora baixinho”, Movieplay, 30.279, editado em 1992. O título adoptado é “Menino d’Oiro”,
-“Tempo(s) de Coimbra”, Disco 1, EMI 0777 7 99608 2 8, edição cd em 1992 (canta Alfredo Correia), remasterização da gravação vinil editada em 1984. A letra é a mesma adoptada pelo cantor Casimiro Ferreira. O título proposto é “O Meu Menino”;
-CD Nº 45/”O Melhor dos Melhores – Fados de Coimbra”, Movieplay, MM 37.045, editado em 1994 (Manuel Branquinho);
-CD “João Marques – O meu Alentejo”, Edimúsica, CD-942512, editado em 1994;
-CD “Fernando Machado Soares”, Philips, 838-108-2, compilação de gravações de 1986 e 1988, sem data, faixa nº 7, acompanhado por José Fontes Rocha/Durval Moreirinhas. Remasterização do registo vinil de 1986, com o título Meu Menino e atribuição de música e letra a Rezende;
-CD “Clássicos da Renascença – Manuel Branquinho”, Movieplay, MOV 30.029, sob o título Menino de Oiro, editado em 2000;
-CD “Frederico Vinagre – Eternos Fados de Coimbra”, Metro-Som, CD 101, editado em 2000. Remasterização do LP “Fado para um Amor Ausente”, Lisboa, METRO-SOM, LP 191, ano de 1991, Lado B, Faixa Nº 2, acompanhado por Manuel Mendes (g) e Durval Moreirinhas (v). O título impresso é “Menino d’Oiro”;
-CD “Victor Almeida e Silva – Coimbra enCanto e Poesia”, 11.80.7854, editado em 2000;
-José dos Santos Paulo, CD “Velha Guarda. Grupo de Fados de Coimbra. Recordando Coimbra. Do Choupal até à Lapa”, CD 219, ano de 2002, Faixa Nº 5, com a indicação de “Fado do Meu Menino”. Acompanhamento por José dos Santos Paulo/Francisco Dias (gg) e António Ribeiro (v).

Não se deve confundir este espécime com uma composição de Paulo de Sá gravada em 1961 por Augusto Camacho Vieira no EP “Fados e Coimbra”, Columbia, SLEM 2094, acompanhado por António Brojo/Francisco Menano (gg) e Fernando Alvim (v).

Nota: este verbete já foi editado no inventário dedicado a António Menano, mantendo-se ipsis verbis o mesmo texto.

6 – O MEU FILHINHO
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Letra: 1ª quadra de autor não identificado; 2ª quadra de João da Silva Tavares (1893-1964)
Incipit: À Mãe de Nosso Senhor
Data: ca. 1915-1920

À Mãe de Nosso Senhor,
Hei-de pedir, com carinho,
Que nunca leve a tristeza
Aos olhos do meu filhinho.

A cama do meu menino
Só a faço e mais ninguém;
Ai! quem pudesse o destino
Ser feito por mim também!

Canta-se o 1º verso, repete-se, canta-se o 2º e repete-se
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: Sol M, 2ªSol 2ªSol, Sol M;
2º dístico: Mi m, Lá m 2ªMi, Mi m; (1ª vez)
2º dístico: Sol M, 2ªSol 2ªSol, Sol M; (2ª vez)

Informação complementar:
Embalo caído no esquecimento, gravado na 1ª metade da década de 1920 (ca. 1925), por Carvalho de Oliveira, com acompanhamento de guitarra em afinação natural e violão no 78 rpm Omnia, 85004, master 37008. No disco figura o nome de Alexandre Rezende como autor, entenda-se da música.
O título poderia sugerir que se trata da mesma melodia do clássico “O Meu Menino”, cantada com outra letra, mas esta composição é distinta da obra gravada na década de 1920 por António Menano e José Paradela de Oliveira. Segundo Divaldo de Freitas, a 1ª quadra supra era a 2ª e última copla do “Fado do Meu Menino” (O meu menino é d’oiro), dedicado por Alexandre Rezende a seu filho José de Souza Mendes de Rezende (Emudecem Rouxinóis do Mondego, 1972); o “Fado do Meu Menino” referido por Divaldo de Freitas é o fado a que chamamos «O Meu Menino».
A 2ª quadra de O Meu Filhinho, do poeta João Silva Tavares, data de 1926, e foi extraída do livro Quem Tem Meninos Pequenos – e é a seguinte na versão original:

O berço do meu menino
Só eu faço – mais ninguém!
Ai! não poder o Destino
Ser feito por mim também!

7 – FADO DA SUGESTÃO
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1866-1953)
Letra: atribuível a Edmundo Alberto Bettencourt (1899-1973)
Incipit: Não digas não, dize sim
Data: ca. 1915-1920

Não digas não, dize sim,
Muito embora amor não sintas
Que um não envenena a gente,
Dize sim inda que mintas.

Não digas não, dize sim,
Sê ao menos a primeira,
Falta-me embora à verdade,
Não sejas tão verdadeira.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema de acompanhamento mais vulgar:
1º Dístico: Lá m, 2ªLá 2ªLá, Lá m;
2º Dístico: Lá m, Ré m 2ªLá, Lá m.

Informação complementar:
A música correspondente a este título é do compositor amador e cantor Alexandre de Rezende (Campinas, Brasil, 09-08-1886; Lisboa, 02-02-1953). A letra é atribuível a Edmundo Bettencourt.
Obra gravada no Porto, no mês de Fevereiro de 1928, por Edmundo Bettencourt, acompanhado à guitarra por Artur Paredes e Albano de Noronha e, no violão de cordas de aço, por Mário Faria da Fonseca (disco de 78 rpm Columbia 8120 – WP 308). No disco vem indicado ser música de Alexandre de Rezende mas, quanto à letra, é omisso, tal como acontece em relação aos instrumentistas que participaram na gravação.
Discos provenientes da mesma gravação:

-78 rpm Columbia, GL 101 e Columbia, 1072-X (USA).
Compact Disc:
- Heritage, HT CD 15, da Interstate Music, editado em Londres, 1992;
- Arquivos do Fado/Tradisom, Vol. II, TRAD 005, cópia do anterior, editado em Macau, 1994, faixa nº 8. Indica erradamente Lisboa como local da gravação e omite os instrumentistas;
- CD “Edmundo Bettencourt. O Poeta Cantor”, Lisboa, Valentim de Carvalho, 560 5231 0047 2 5, ano de 1999, faixa nº 8, sem identificação dos instrumentistas
Este fado gravado por muitos cantores; na discografia encontra-se por vezes como título o seu “incipit”.
Quanto às autorias da música e da letra, esta composição aparece com alguma frequência indevidamente atribuída a Felisberto Ferreirinha (1897-1953), cantor activo em Espinho que gravou “Fado da Sugestão” no disco Parlophone, 33.508, de 78 rpm, ca. 1927, acompanhado por José Parente (g) e Campos Costa (v).
Por vezes encontram-se estropiamentos da letra, quer em discos, quer em livros.
Alguns registos de outros cantores:
-José Maria Lacerda e Megre, EP “Saudades de Coimbra”, Alvorada, MEP 60272, ano de 1960, acompanhado por António Portugal/Eduardo de Melo (gg) e Manuel Pepe/Paulo Alão (vv); matriz remasterizada no duplo CD “Fados e Guitarradas de Coimbra. Volume 2”, Lisboa, Movieplay, MOV 30.425/A, ano de 2001, faixa nº 13;
-João Queiroz, no EP “The Old Fado de Coimbra”, RCA Victor, TP-180, ano de 1965, acompanhado por Manuel Pais/Luís Plácido (gg) e Mário Sacadura/Fernando Plácido (vv);
-Américo Lima, cantor activo em Lisboa, no EP “Américo Lima. Balada”, DECCA, PEP 1171, meados da década de 1960, acompanhado por José Nunes/António Chainho (gg Lisboa) e José Maria da Nóbrega (v);
-Américo Silva, cantor activo em Lisboa, no EP “Américo Silva Canta Fados de Coimbra”, Lisboa, ESTUDIO, EEP 50.228, anterior a 1971, acompanhado por Armindo Maia/António Parreira (gg Lisboa) e J. M. Carvalho e José Vilela (vv);
-Ângelo Fernandes, cantor activo no Porto e em Lisboa, EP “Velha Coimbra”, A Voz do Dono, 7LEM 3076, de ca. 1965-1967, acompanhado por Francisco Carvalhinho e Martinho da Assunção;
-Loubet Bravo, no EP “Loubet Bravo. Fados de Coimbra”, Lisboa, MARFER, MEL. 2-103, ano de 1968, acompanhado por Carlos Gonçalves/António Chainho (gg Lisboa), José Maria da Nóbrega (v) e Raul Silva (v baixo);
-Manuel Branquinho, no EP “Manuel Branquinho”, Porto, ORFEU, ATEP 6288, ano de 1968, acompanhado por Manuel Branquinho/Gabriel Ferreira (gg) e Jorge Gomes (v); reedição no LP “Fados de Coimbra. Manuel Branquinho”, Porto, ORFEU ST-108, sem data (meados da década de 1980), Face 2, faixa nº 12, com omissão dos instrumentistas;
- CD “Dr. Serra Leitão”, Lisboa, Discossete, CD 951000, ano de 1993, faixa nº 2. O cantor é acompanhado por António Ralha/Jorge Gomes (gg) e Manuel Dourado (v). Atribuição errada a Felisberto Fereirinha;
- LP “Fados de Coimbra e Outras Canções”, Orfeu, 1981, Lado 1, faixa nº 5, acompanhado por Octávio Sérgio (g) e Durval Moreirinhas (v); reedição no LP “José Afonso. Fados de Coimbra e Outras Canções”, Riso e Ritmo Discos, Lda., RR LP 2.188, ano de 1987, Lado 1, faixa nº 5; idem, CD “José Afonso – Fados de Coimbra”, Movieplay, SO 3003, editado em 1996; ibidem, “José Afonso. Fados de Coimbra e Outras Canções”, Lisboa, Movieplay, JÁ 8011, ano de 1996, faixa nº 7; existe outra remasterização no duplo CD “Fados e Guitarradas de Coimbra. Volume 2”, Lisboa, Movieplay, MOV 30.425/B, ano de 2001, faixa nº 5; idem, no duplo CD “Serenata Monumental”, Lisboa, Movieplay, MOV 30.487 A, ano de 2003, faixa nº 5. Em todos estes registos, colhidos na matriz de 1981, repete-se o erro de atribuição de autoria a Felisberto Ferreirinha. O arranjo de acompanhamento concebido por Octávio Sérgio tem sido infinitamente reproduzido;
- CD “Coimbra Eterna – Grupo de Fados da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra no Porto”, Strauss, ST 5190, ano de 1998, faixa nº 2. Canta Napoleão Ferreira Amorim, acompanhado por Arménio Assis e Santos/António Moniz Palme (gg) e Campos Costa/Mário Ribeiro (vv);
- CD “Do Choupal até à Lapa – Grupo de Fados da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra da Madeira”, Funchal, EMLI, s/n, s/d (1993?), faixa nº 4, com o título adulterado para “Balada da Inquietação”. Canta Luis Filipe Costa Neves, acompanhado por Ilídio Fernandes/Agostinho Figueira (gg) e Luís Jardim/José Anacleto (vv);
- CD “Fados e Guitarradas de Coimbra”, Movieplay, MOV. 30.425/B, editado em 2001 (José Afonso);
-CD “Ribeiro da Silva. Coimbra Menina e Moça”, Lisboa, Edição do cantor, 2004, faixa nº 3. Cantor acompanhado por Carlos Couceiro/Teotónio Xavier (gg) e Durval Moreirinhas/António Toscano (vv).
Uma outra quadra que também se terá cantado nesta melodia é a seguinte:

O não é mais venenoso
Que os venenos mais certeiros;
Antes um sim mentiroso
Que trinta nãos verdadeiros.

8 – FADO DA GRAÇA
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Letra: 1ª quadra de Augusto César Ferreira Gil (1873-1929); 2ª quadra de autor não identificado
Incipit: Dona Clarinha da Graça
Data: ca. 1920-1923

Dona Clarinha da Graça
Do solar de Miralém,
A gente passa e repassa
E nunca lá vê ninguém!

Vivo num solar antigo
Para as bandas do sofrer
Tenho como muito amigo
O desgosto de viver.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2o e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º Dístico: Lá M, 2ª Lá 2ª Lá, Lá M;
2º Dístico: Lá M 2ª Lá, Lá M.

Informação complementar:
Espécime gravado por J. Carvalho de Oliveira na 1ª metade da década de 1920 (ca. 1925), sem indicação dos instrumentistas (Disco Pathé, 4043, master 201011, de 78 rpm). No disco vem a indicação de Alexandre Rezende ser o autor da música.
Na segunda metade da década de 1920, o cantor Felisberto Ferreirinha gravou o título “Fado da Graça”, acompanhado por José Parente (g) e executante de violão não identificado (possivelmente Campos Costa): 78 rpm Parlophone 98071-2, registo a que não conseguimos aceder. Existem fortes probabilidades de tratar-se da melodia de Alexandre Rezende.
A 1ª quadra, de Augusto Gil, encontra-se em «O Craveiro da Janela», 1ª edição de 1920, pág. 25, quadra XVII.

9 – FADO DA LUZ
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Letra: 1ª quadra atribuível a Alexandre Augusto de Rezende Mendes; 2ª quadra de autor não identificado
Incipit: Tenho uma luz que me guia
Data: 1920

Tenho uma luz que me guia,
Mais doce que a do luar,
São os teus olhos, Maria,
Dá-me a luz do teu olhar.

Os teus olhos são tão tristes,
Tão magoados de dor,
Nunca eu vi, nunca tu viste,
Outros, assim, meu amor.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: Fá M, 2ª Fá 2ª Fá, Fá M;
2º dístico: 2ª Ré, Ré m 2ª Fá, Fá M.

Informação complementar:
Composição musical estrófica em compasso quaternário (4/4) e tom de Fá Maior, feita por volta de 1920, na sequência de uma deslocação efectuada pelo autor a Paris-Cidade da Luz. Tema gravado em finais de 1929 por Alexandre de Rezende, que o inerpreta na tonalidade de Fá Maior, acompanhado à guitarra por si próprio e por José Parente e, em violão, por Campos Costa (disco de 78 rpm Parlophone, B 33506).
Divaldo de Freitas, in Emudecem Rouxinóis do Mondego – 1ª Série, pág. 28, confirma a autoria da música.
Solfa transcrita por Octávio Sérgio (2007).

10 – FADO DA MONTANHA
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Letra: 1ª e 2ª quadras de Augusto Ferreira Gil (1873-1929)
Incipit: Quem por amor se perdeu
Data: ca. 1910-1912

Quem por amor se perdeu
Não chore, não tenha pena.
Que uma das santas do céu
– É Maria Madalena...

Se aquilo que a gente sente,
Cá dentro, tivesse voz,
Muita gente... toda a gente
Teria pena de nós!

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º Dístico: Lá M, 2ª Lá 2ª Lá, Lá M;
2º Dístico: Fá# m, 2ª Fá# 2ª Fá#, Fá# m; (1ª vez)
2º Dístico: 2ª Lá, Lá M 2ª Lá, Lá M; (2ª vez)

Informação complementar:
Composição pró-fadística, vincadamente ultra-romântica, interpretada em tom lamentoso, versando a condição de vida das meretrizes. Tema gravado em Maio de 1927 pelo barítono José Dias, acompanhado à guitarra em afinação natural por Paulo de Sá (disco de 78 rpm Gramófono” EQ 29, master 262574, editado em Barcelona). No disco vem a indicação do acompanhamento à guitarra ser feito por Paulo de Sá mas é omisso quanto ao nome do violonista, à semelhança do que acontece com os discos de Elísio de Matos, sendo admissível que possa ser o mesmo instrumentista, o Prof. Doutor José Carlos Moreira.
A letra é de Augusto Gil. As duas quadras pertencem a “A CANÇÃO DAS PERDIDAS”, de 1909, dedicada ao pianista José Viana da Mota (Cf. Luar de Janeiro, Portugália, Lisboa, 10ª edição, págs. 125 a 132). Admitimos, sem prova em contrário, que a letra original cantada por Rezende não fosse a versão popularizada por José Dias. A 1ª quadra de Augusto Gil foi alvo de apropriação de vulgarização tanto em Coimbra como em Lisboa. Francisco Menano também aproveitou a referida quadra no seu “Amor Perdido”, comercializado na década de 1920 pela Sassetti & Ca. Editores.
No dito disco vem a indicação de a música ser de Alexandre de Rezende. Divaldo de Freitas refere também ser de Alexandre de Rezende a autoria da dita música (Emudecem Rouxinóis do Mondego, 1ª série, pág. 28).
A melodia não é propriamente sedutora, facto que talvez explique o esquecimento em que viria a cair a composição de Rezende.

11 – FADO TRISTE
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Letra: 1ª quadra de Alexandre Rezende; 2ª quadra popular
Incipit: Tive um só amor na terra
Data: ca. 1915-1920

Tive um só amor na terra
Que de um engano nasceu;
De enganos foi sua vida
(Ai2) E de um engano morreu.

Eu queria e ela queria,
Eu pedi, e ela negava,
Eu chegava, ela fugia,
(Ai2) Eu fugi e ela chorava.

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento;
1º dístico: Lá m, 2ªLá 2ªLá, Lá m;
2º dístico: Lá m, 2ªLá 2ªLá, Lá m.

Informação complementar:
Composição em compasso quaternário e tom de Lá Menor, gravada em 1929 por Alexandre Rezende, acompanhado à guitarra por si próprio e por José Parente e, no violão, por Campos Costa (disco de 78 rpm Parlophone, B 33506). No “Cancioneiro Geral dos Açores”, de Armando Cortes-Rodrigues, vem uma variante da 2ª quadra a págs. 172 do 1º volume.
Esta mesma música foi gravada no decurso de 1929 por Artur Almeida d’Eça, acompanhado em 1ª e 2ª guitarras por Albano de Noronha e Afonso de Sousa. Trata-se de um disco inacessível, cujo título desconhecemos, cuja existência nos foi comunicada pelo Dr. Augusto Camacho Vieira (Cf. notícia no nosso arrolamento «Relação do Espólio Fonográfico do Cantor Almeida d’Eça», item “Discos Perdidos”). A letra gravada por Almeida d’Eça é a seguinte:

Dizem que o bem se conhece
Só quando a gente o perdeu:
-Triste de quem o não perde
(Ai2) Porque nunca o conheceu.

Nasce o Sol sempre à direita
De quem vira pró Norte:
-Cá pra mim sempre é sol-posto
(Ai2) Do lado da boa-sorte.

A 1ª quadra adoptada por Almeida d’Eça era bem conhecida em Coimbra, estando popularizada desde 1918 por via do “Fado do Choupal”, de António Menano.
A título meramente comparativo, registe-se que no primeiro quartel do século XX corriam em Coimbra e em Lisboa várias melodias para canto e acompanhamento à guitarra, com títulos iguais ou próximos da composição assinada por Rezende:
-TRISTE (Ai daqueles que só amam), de Fortunato Roma da Fonseca, gravado por Lucas Junot;
-FADO TRISTE (Envolto nos teus cabelos), das solfas impressas relativas ao reportório Manassés de Lacerda;
-FADO TRISTE (Tive um só amor na terra), de Alexandre Rezende, popularizado por António Menano com o título modificado para «Fado da Minha Mãe»;
-FADO TRISTE (Os sinos daquela torre), melodia distinta da assinada por Rezende, gravada por Carvalho de Oliveira;
-FADO TRISTE (ou «Triste Fado»?), melodia perdida do cantor e guitarrista Cândido Pedro de Viterbo;
-FADO TRISTE (Nossas mágoas são o fruto), falso “Fado Triste”, assim crismado numa gravação de Luís Goes (1957), com melodia de Francisco Menano, cujo título original é «Fado da Despedida do 5º Ano Jurídico de 1912»;
-TRISTE FADO (Oh! Pálidas madrugadas), fado de Lisboa da autoria de Júlio Silva, feito em homenagem a António Nobre em 1902;
-O MAIS TRISTE FADO (Eu tive uma paixão querida), fado de Lisboa da autoria de Armandinho, gravado por António Menano;

12– FADO REZENDE
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Letra: Manuel Fernandes Laranjeira (1877-1912)
Incipit: Ao morrer, os olhos dizem
Data: ca. 1912-13

Ao morrer, os olhos dizem:
- «Pára Morte e espera aí!
Vida não vás tão depressa
Que eu inda te não vivi...»

E a Vida passa e a Morte
É que responde em vez dela:
- «Mas que culpa tem a vida
De que não saibam vivê-la?»

Canta-se o 1º dístico, repete-se, canta-se o 2º e repete-se.
Esquema do acompanhamento:
1º dístico: mi, Dó, 2ªmi lá, 2ªmi, mi;
2º dístico: Sol, 2ªmi 2ªmi, mi.

Informação complementar:
As primeiras gravações deste espécime datam dos últimos anos da década de 1920 (Lucas Junot, Paradela de Oliveira).
A letra supra é a gravada no mês de Maio de 1927, em Londres, por Lucas Rodrigues Junot, acompanhado à guitarra de Coimbra em afinação natural por si próprio e em violão de cordas de aço pelo profissional do Fado de Lisboa Abel Negrão (disco de 78 rpm Columbia, 8104 – P 194, de 78 rpm). No disco, Alexandre de Rezende figura como autor da música, sendo a ficha técnica omissa em relação ao texto poético.
Com a mesma letra, mas com o título adulterado para Fado da Vida, também foi gravado em Maio de 1927, Lisboa, por José Paradela de Oliveira, acompanhado à guitarra em afinação natural por Francisco da Silveira Morais e no violão aço por António Lopes Dias (disco de 78 rpm His Master’s Voice 7-62171 EQ 85, de 78 rpm), No disco não vem qualquer indicação de autorias, nem de quem faz o acompanhamento.
A letra que se apresenta é ligeiramente diferente da versão original, escrita por Manuel Laranjeira no álbum da Exmª. Snrª. D. Sophia Isménia Quaresma, sob o título «O último diálogo», (in Comigo – Versos dum Solitário, Porto, 1912) e que é a seguinte:

Ao morrer, os olhos dizem
sempre o mesmo: – « Espera aí!
Vida, não vás tão depressa,
que ainda te não vivi...»

E a Vida passa, e a Morte
é que responde em vez dela:
«Mas que culpa tem a vida
de não saberem vivê-la?»

Manuel Fernandes Laranjeira nasceu em Vergada, Santa Maria da Feira, no ano de 1877 e suicidou-se em Espinho, corria o ano de 1912. Médico diplomado pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto, afirmou-se como poeta mórbido e decadentista, marcado pelos temores da sífilis, o tédio existencial e o pessimismo finissecular oitocentista.
Ao longo do século XX julgou-se que a letra de “Fado Rezende” fosse do autor da música, ideia aliás reforçada por uma carta remetida em 1964 por seu filho a Divaldo Gaspar de Freitas (Cf. Emudecem rouxinóis do Mondego, São Paulo, 1972, págs. 28-29). Segundo testemunho de Fernando Rolim (Maio de 2003), os cantores conimbricenses da década de 1950 acreditavam que o poema fora composto por desconhecido e atormentado jovem estudante que morrera tuberculoso. Pesquisas levadas a cabo por José Anjos de Carvalho nos finais da década de 1990 revelaram que o poema foi publicado em 1912, sendo da autoria do médico decadentista Manuel Fernandes Laranjeiro.
Tema gravado em 1929, Lisboa, pela cantora Lília Brandão, acompanhada na guitarra por João de Matos e no violão por Eduardo Alves (será o antigo estudante e Coimbra, formado em Direito, Eduardo Alves de Sá?), no 78 rpm Columbia 130044.
Gravado, sob o título estropiado Ao Morrer os Olhos Dizem, em 1967 por António Bernardino, acompanhado em 1ª guitarra de Coimbra por António Portugal, em 2ª guitarra por Francisco Martins e, na viola nylon por Jorge Moutinho (Discos Orfeu, PQB 350 e ATEP 6184, ambos de 45 rpm). No primeiro vem a indicação de “Traditional” e, no segundo, a indicação de D.R. (Direitos Reservados). Também foi comercializado em long play, (LP “Noites de Coimbra”, Orfeu, SB 1022 e LP “Noites de Coimbra”, Orfeu, ST 107). Nestes discos vem igualmente a indicação «D.R.».
António Bernardino realizou uma gravação deste tema para a Alvorada, em 1965, com António Portugal/Francisco Martins (gg) e Jorge Moutinho (v), remasterizada no duplo CD “Serenata Monumental”, Lisboa, Movieplay, MOV 30.487 A, ano de 2003, faixa nº 1. O livreto de José Niza comporta a menção correcta das autorias, conforme indicação facultada por José Anjos de Carvalho.
Gravado novamente por António Bernardino, em 1983, acompanhado à guitarra por António Brojo e António Portugal e, à viola, por Aurélio Reis e Luis Filipe Roxo Ferreira (antologia vinil “Tempo(s) de Coimbra”, disco 2, editado em 1984). No álbum consta erradamente a indicação de a letra ser também de Alexandre Rezende . Disponível em compact disc: “Tempo(s) de Coimbra”, disco 1, EMI 0777 7 99608 2 8, editado em 1992, nele se mantendo o mesmo erro quanto à autoria da letra. A letra cantada por António Bernardino é a mesma em ambas as gravações e difere ligeiramente, no 1º dístico da 2ª quadra, da versão gravada na década de 1920.
Fernando Machado Soares gravou esta melodia em 1988, acompanhado à guitarra por José Fontes Rocha e, à viola, por Durval Moreirinhas (LP “Serenata, Philips”, 836 816-1). A letra que canta é a da versão de 1967 de António Bernardino e subsiste o erro cometido em “Tempo(s) de Coimbra” (1984), atribuindo indevidamente também a letra a Alexandre Rezende. Disponível em compact disc: CD “Fernando Machado Soares”, Philips, 838 108-2, sem data, acompanhado por Fontes Rocha e Durval Moreirinhas.

13 – Canção da Despedida
Não há notícia de solfa impressa. Disco inacessível.

14 – Fado do Conde da Covilhã
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Não há notícia de solfa impressa. Disco inacessível. Admitimos que fosse uma composição próxima do Fado Anadia, ou Fado do Conde Anadia, obra que Rezende conhecia e interpretava.

15 – Canção da Raia
Não há notícia de solfa impressa. Disco inacessível.

16 – Fado de Lisboa
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953), reelaboração sobre a melodia do Fado Corrido
Letra: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953)
Incipit: Morena da cor do trigo

Morena da cor do trigo
Não sou eu só que digo
Não é linda a tua cor?
Madalena foi morena,
Por isso não tenhas penas,
Amou-a Nosso Senhor.

Madalena foi corrupta,
Namorou-se de um recruta,
Resvalou na perdição;
Apesar de prostituta,
Era mulher resoluta
E de Cristo teve perdão.

Fado estrófico cantado por Alexandre Rezende, acompanhado por Alexandre Rezende/José Parente (gg) e Campos Costa: disco de 78 rpm Parlophone, B. 33501-I, Germany, Carl Lindstrom, A-G w98078.

17 – Fado da Fadistice
Música: Alexandre Augusto de Rezende Mendes (1886-1953), reelaboração sobre motivos lisboetas
Letra: autor não identificado
Incipit: Comecei de tenra idade

Comecei de tenra idade
A puxar prá fadistice,
(Ai) Minha mãe como isso visse
Retirou-me da Cidade.

Mas, porém, já era tarde,
Estava um “faia” consumado,
(Ai) Já sabia dar “traço”
E também cantava o fado.

Foi no Colete Encarnado,
Foi numa espera de toiros,
(Ai) Que me cobriram de louros
Por saber cantar o fado.

Fado gravado por Alexandre Rezende, acompanhado pelo próprio e por José Parente (g) e Campos Costa (v): disco de 78 rpm Parlophone, B 33501-II, Germany, Carl Lindstrom, A-G w98058.

relojes web gratis