terça-feira, outubro 16, 2007

Em memória de Adriano

16 Outubro 2007
No dia em que se completam precisamente 25 anos sobre o desaparecimento prematuro de Adriano Correia de Oliveira, presto-lhe a minha singela homenagem deixando aqui aquela que é talvez, do ponto de vista interpretativo, a sua balada mais sublime. Registo com agrado as iniciativas que a Antena 1 tem levado a cabo para assinalar a efeméride, designadamente o convite feito a Fausto Bordalo Dias, que com ele conviveu, para falar do homem e da obra. Pena foi não ter sido dirigido idêntico convite a Rui Pato, responsável pelo acompanhamento à viola de boa parte do seu repertório. O seu testemunho seria com certeza do maior interesse. Bem, e porque não basta evocar Adriano para depois o votar novamente ao ostracismo, eu faço uma pergunta muito simples à direcção de programas da rádio do Estado: por que razão esta e outras belíssimas baladas de Adriano não figuram nas playlists das Antenas 1 e 3?
Canção com Lágrimas
Poema: Manuel Alegre (adaptado de "Canção com Lágrimas e Sol", in Praça da Canção , 1965)
Música e voz: Adriano Correia de Oliveira
Viola: Rui Pato
Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada
Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema
Porque tu me disseste quem me dera em Lisboa
Quem me dera em Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro
Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio
Porque tu me disseste quem me dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol, Lisboa com lágrimas
Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve
Eu canto para ti Lisboa à tua espera...
(in "Cantaremos", Orfeu, 1970, reed. Movieplay, 1999)

Publicada por Álvaro José Ferreira em 12:31

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